tag:blogger.com,1999:blog-67321126769836876982024-03-13T05:08:47.781-07:00Rodrigo MachadoRodrigo Machadohttp://www.blogger.com/profile/14444666012379579794noreply@blogger.comBlogger9125tag:blogger.com,1999:blog-6732112676983687698.post-43746044955844563082012-06-06T05:45:00.000-07:002012-06-06T05:46:03.818-07:00O Sonho da Corrupção.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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Um jornalista escreveu na última sexta-feira em seu twitter: “Uma verdade: nós todos que combatemos a corrupção, no fundo dizemos: "ah se fosse eu que estivesse nesse bolo!"”.<br />
<br />
A visão demonstrada na rede social indica que os cidadãos que combatem a corrupção gostariam, na verdade, de estar na condição de corruptos. Para disfarçar a sua própria ideia, o profissional transmi<span class="text_exposed_hide">...</span><span class="text_exposed_show">te como sendo algo de todos.<br /> <br /> Não, essa é uma verdade dele. Não é a minha e não é a regra. Isso pertence àqueles que ainda enxergam a política como um mecanismo de crescimento econômico pessoal/individual. É a sorte de ficar rico da noite para o dia.<br /> <br /> O Brasil está vivendo um momento interessante em sua pequena estrada democrática. E por mais que alguns veículos da imprensa tentem demonstrar o contrário, os escândalos de corrupção que estão aparecendo na superfície não são os maiores de nossa história, mas sim os mais visíveis. Os mais escancarados.<br /> <br /> Hoje, as pessoas reivindicam mais direitos e cresce o entendimento sobre o que, realmente, são práticas republicanas e o que é crime. Isso não acaba com o ilícito, mas dá evidência e destaque maior ao ato do corrupto e do corruptor. A sensação de possibilidade de punição aumentou.<br /> <br /> Agora com a internet e mecanismos tecnológicos implantados nos aparelhos celulares, uma ação escabrosa perpetrada numa pequena cidade do interior brasileiro pode ganhar o país. O mundo todo está mudando.<br /> <br /> Sei que parte desse sentimento exteriorizado pelo jornalista ainda continuará existindo por longo tempo. É a mensagem incutida nas pessoas de que “crescer” na vida depende de um único passo. É a bola que vai quicar na sua frente e um único chute mudará toda a sua vida. É o gol que vale uma carreira.<br /> <br /> No mundo econômico, é aquilo que os estadunidenses chamam de “Sonho Americano”. A oportunidade que bate à porta e muda todo o seu futuro. Essa ideia é essencial ao sistema capitalista para que “os que não têm” sejam pacificados com a esperança de um dia ser rico. Se o sistema mantém uma ponte para subir ao topo, ele merece continuar. Triste engano.<br /> <br /> A máscara desse engodo econômico está caindo. Boa parte da população não espera mais a chance do enriquecimento numa tacada só. Não se perde tempo pensando nisso ou fazendo da sorte o centro de seu trabalho. A sorte é importante, mas não pode ser o núcleo de uma vida.<br /> <br /> A oportunidade para uma formação intelectual constante e o espaço ao sol para conseguir trilha profissional regular é o verdadeiro sonho do povo brasileiro. Para isso, precisamos de um Estado que respeite o dinheiro público com políticas cada vez mais inteligentes e eficazes nas soluções dos nossos problemas. É o contrário da ideia apresentada pelo jornalista.<br /> <br /> Se o “Sonho Americano” é a enganação do capitalismo, chamaremos de “Sonho da Corrupção”, aquilo descrito pelo jornalista. Seria a representação dos que vivem a espera da oportunidade única de mudança no status social pelas vias do erário, às custa do dinheiro público.<br /> <br /> Essa não é a minha fantasia. Também não é a do brasileiro. Não há nada melhor do que o dinheiro limpo, suado e marcado com a força do trabalho. Nada melhor do que o sentimento de estar cumprindo o seu papel coletivo com honradez. Esse é o sonho do povo brasileiro. Essa sim é a verdade que precisa ser dita.<br /><br /> </span></div>Rodrigo Machadohttp://www.blogger.com/profile/14444666012379579794noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6732112676983687698.post-83226479479883316062011-08-23T08:53:00.001-07:002011-08-23T09:03:05.513-07:00Licença Paternidade: 120 dias para o pai adotante único.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSxQw1IzfVKH5NQ7YTKRtxEudVyNH8jVI6hQyFVS2Q3pMePxoDInDRir3cZ8wajvazIrgv4ZAsmS3k-Z-fmTQOQoKDxDofHuGfFfNpHQaHMTgisJgtNUabUGUL0eN7N9xyULhmzaBRpv8Z/s1600/M%25C3%25A3e+Pai.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 171px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSxQw1IzfVKH5NQ7YTKRtxEudVyNH8jVI6hQyFVS2Q3pMePxoDInDRir3cZ8wajvazIrgv4ZAsmS3k-Z-fmTQOQoKDxDofHuGfFfNpHQaHMTgisJgtNUabUGUL0eN7N9xyULhmzaBRpv8Z/s320/M%25C3%25A3e+Pai.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5644080202898123970" border="0" /></a>
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Regulamentada no artigo 226, § 4º da Constituição Federal, tal núcleo é formado por apenas um dos pais e seus descendentes.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >Algumas dúvidas surgem acerca de direitos que foram concebidos tendo apenas como modelo a família criada por um homem ao lado da mulher e os seus filhos. Licença paternidade é um exemplo disso. Sem qualquer diferenciação em relação à realidade vivida pelo pai, tal direito foi relegado ao esquecimento por parte do Estado. Tal tratamento deve acabar. Caso clássico de desrespeito acontece quando um homem solteiro adota uma criança.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >A Constituição Federal garante o direito à licença maternidade e licença paternidade em seu artigo 7º, XVIII e XIX, mas a Carta Magna não estabelece o período de gozo da licença deferida ao pai. Apenas no artigo 10 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias fica – provisoriamente - estabelecido o prazo de 05 (cinco) dias da aludida licença.</span></p> <p style="margin-left: 5cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family:verdana;"><span style="Arial","sans-serif"font-size:100%;" >Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição:</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt 5cm; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="font-size:100%;"><a name="adctart10i"></a></span><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >(...)</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt 5cm; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >§ 1º - Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX, da Constituição, o prazo da licença-paternidade a que se refere o inciso é de cinco dias.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" > </span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >Essa é a única normatização acerca do prazo da Licença Paternidade, no entanto, não se relaciona com o caso em tela, pois aqui não estamos a tratar da licença paternidade comum, mas sim de Licença Paternidade destinado a pai solteiro. Para chegarmos ao deslinde da questão e à confirmação de que se trata de modalidade distinta de Licença Paternidade será necessária uma averiguação acerca da natureza jurídica de tal benefício.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >A Licença Paternidade é um direito que sempre fora colocado em patamar secundário de importância. Dentro da cultura machista que domina nossa sociedade, o papel de educar os filhos sempre coube à mulher. O papel destinado ao homem dentro de uma sociedade fundada num modelo patriarcal sempre fora o de mantenedor da casa. Essa manutenção estaria ligada apenas aos aspectos financeiros. O homem poderia ficar alheio às exigências do cotidiano de afetividade e educação dos filhos. Tais tarefas pertenciam apenas à mulher.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >Mas, até essa proteção com o estabelecimento da licença maternidade, iniciado pela conveniência na delegação de exclusividade das tarefas domésticas, não foi dado de bandeja ao público feminino. O momento da maternidade nem sempre fora respeitado, com diversos relatos históricos de mulheres trabalhando em condições que agrediam a sua gestação. Seria absurdo destinarmos a conquista da licença maternidade como uma doação ao público feminino. Não. Não foi. Foi mais uma conquista das reivindicações trabalhadoras após uma história de exploração feminina.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >Embora tenha sido um direito conquistado pelas mulheres, a Licença maternidade não é um direito destinado apenas às mulheres. O lapso temporal indicado enquanto afastamento das atividades profissionais é também um <b style="mso-bidi-font-weight:normal">direito da criança</b>. Aliás, está plenamente correto afirmar que a licença maternidade tem como escopo principal a proteção da criança. Ao contrário do que se imagina, o período de licença maternidade não é apenas destinado à recuperação da mãe.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >Tal definição tem origem na doutrina da proteção integral definida pela Constituição Federal em seu artigo 227:</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt 5cm; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif";mso-fareast-language: PT-BRfont-size:100%;" >Art. 227. É <u>dever</u> da família, da sociedade e <u>do Estado</u> assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, <u>com absoluta prioridade</u>, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" > </span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >O que se deve deixar bem frisado é que se trata de um DEVER do Estado proporcionar todas as garantias fundamentais ao desenvolvimento humanitário da criança, à formação plena de um ser humano hígido. Esse aparato principiológico de direitos encontra amparo imperativo no capítulo dos Direitos Sociais insertos na Constituição Federal.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >Assim reza o art. 6º, CF/88:</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt 5cm; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >Art. 6º São <b style="mso-bidi-font-weight:normal">direitos sociais</b> a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, <u>a proteção à maternidade e à infância,</u> assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >E nessa toada, levando-se em consideração o consagrado princípio da isonomia (art. 5º, <i style="mso-bidi-font-style:normal">caput</i>, CF), não se deve jamais restringir a proteção somente à “maternidade”. </span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >Constituindo-se, hodiernamente, na concepção mais progressista e humanística da matéria, tanto maternidade quanto paternidade na adoção, inserindo-se também a família monoparental. Todas essas hipóteses enquadram-se no instituto da <b style="mso-bidi-font-weight:normal">entidade familiar</b>, o núcleo social e afetivo onde se exerce o poder familiar.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >E é exatamente na não distinção dos iguais, no tratamento paritário dos desiguais que se debruça tal pleito administrativo e sua razão meritória jurídica. O princípio da isonomia ínsito no art. 5º, <i style="mso-bidi-font-style:normal">caput</i>, e inciso I, da Constituição Federal, no patamar de cláusula pétrea e direito fundamental, assim delimitado:</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt 5cm; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt 5cm; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >O direito em destaque é mais uma das hipóteses de consolidação da norma constitucional. O período destinado à mulher trabalhadora é o momento de interação física e psicológica da mãe com o seu filho. É instante destinado ao acompanhamento da saúde da criança, do seu desenvolvimento e de sua personalidade iniciante. É durante esse convívio mais próximo e integral que uma mãe saberá os hábitos do infante, a exemplo do que gosta de comer, a hora que dorme, como reage a determinados remédios ou até mesmo se possui algum tipo de alergia. Os primeiros contatos serão definidores para toda uma vida em família.</span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%; font-family:verdana;"><span style="Arial","sans-serif"font-size:100%;" >As razões de uma proximidade maior, em regra, do filho ou filha com a sua mãe, em detrimento do papel masculino, não é advinda apenas por aspectos biológicos, mas também culturais. A cultura ocidental reforça uma suposta superioridade materna no cuidar da criança. Essa distinção irracional, como dito anteriormente, é feita em benefício do homem e em detrimento da mulher, uma vez que delega o papel dos cuidados para com os infantes apenas à mulher. Essa não é a vontade da Constituição ao garantir que <i style="mso-bidi-font-style:normal">“<a name="5I"></a>homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”</i>.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >O §5º do artigo 226 da CF ainda explicita no mesmo sentido:</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt 5cm; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif";mso-fareast-language: PT-BRfont-size:100%;" >§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.</span><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" > </span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >Um único aspecto biológico que justifica a diferença de tratamento dado ao homem em prol do direito concedido às mulheres é a amamentação. Ainda sob o prisma da proteção integral destinada às crianças, existe justificativa para se diferenciar a Licença Maternidade da Licença Paternidade em relação ao infante que necessita do leite materno. O que não é o caso da criança adotada.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >Primeiramente, é importante trazer ao presente escrito que o pai solteiro e sua criança são reconhecidos enquanto entidade familiar, nos termos do §4º do artigo 226 da CF e gozam de toda a proteção do Estado. Uma entidade familiar, portanto, com a ausência de uma mãe.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >O Estatuto da Criança e do Adolescente afirma em seu artigo 42 que poderá ser adotante <a name="art42"></a><i style="mso-bidi-font-style:normal">“os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil”.</i> A adoção em tela está amplamente consolidada na legislação e na realidade brasileira, no entanto, as consequências pragmáticas da aplicação de tal direito ainda necessitam de ampla regulamentação. </span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >A Licença Paternidade de pai solteiro não pode ser interpretada como a Licença Paternidade comum, concedida em paralelo com a Licença Maternidade. As diferenças evidentes fazem com que a sua aplicação legalista signifique tratamento inconstitucional, posto que trata-se de direito da criança e esta não poderá sofrer discriminação e perder esse momento de interação com a pessoa encarregada do Poder Familiar, seja um homem, seja uma mulher.</span></p> <p class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-indent: 0cm; font-family:verdana;"><span style="line-height:150%;Arial","sans-serif"font-size:100%;" >No caso da adoção, assim trata a CLT sobre a concessão de licença maternidade às adotantes:</span></p> <p style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; line-height: 150%; font-family:verdana;"><span style="font-size:100%;"><b><span style="Arial","sans-serif""> </span></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 18pt 0cm 18pt 5cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family:verdana;"><span style="font-size:100%;"><a name="art392"></a></span><span style="Arial","sans-serif"font-size:100%;" >Art. 392 - A empregada gestante tem direito à licença-maternidade de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário.<strong></strong></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 18pt 0cm 18pt 5cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="font-size:85%;"><strong><span style="Arial","sans-serif"">Art. 392-A</span></strong></span><span style="Arial","sans-serif"font-size:85%;" >. À empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança será concedida licença-maternidade nos termos do art. 392, observado o disposto no seu § 5º.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif";mso-fareast-language:AR-SAfont-size:85%;" > </span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif"font-size:85%;" >Na redação anterior, a Consolidação das Leis do Trabalho definia prazos diferentes para a Licença Maternidade a depender da idade da criança adotada. Tal diferenciação fora explicitamente revogada. Vejamos a legislação retirada do ordenamento jurídico:</span></p> <p style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 5cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="font-size:85%;"><a name="art392a§1"></a><s><span style="Arial","sans-serif""><span style="text-decoration: none"> </span></span></s></span></p> <p style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 5cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="font-size:85%;"><s><span style="Arial","sans-serif"">§ 1o No caso de adoção ou guarda judicial de criança até 1 (um) ano de idade, o período de licença será de 120 (cento e vinte) dias.</span></s></span><span style="Arial","sans-serif"font-size:85%;" > <b style="mso-bidi-font-weight:normal"><a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm#art8"><span style="text-decoration:none;text-underline:nonecolor:windowtext;" >(Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)</span></a>.</b></span></p> <p style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 5cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="font-size:85%;"><s><span style="Arial","sans-serif"">§ 2o No caso de adoção ou guarda judicial de criança a partir de 1 (um) ano até 4 (quatro) anos de idade, o período de licença será de 60 (sessenta) dias.</span></s></span><span style="Arial","sans-serif"font-size:85%;" > <b style="mso-bidi-font-weight: normal"><a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm#art8"><span style="text-decoration:none;text-underline:nonecolor:windowtext;" >(Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)</span></a></b>.</span></p> <p style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 5cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="font-size:85%;"><s><span style="Arial","sans-serif"">§ 3o No caso de adoção ou guarda judicial de criança a partir de 4 (quatro) anos até 8 (oito) anos de idade, o período de licença será de 30 (trinta) dias<b style="mso-bidi-font-weight:normal">.</b></span></s><b style="mso-bidi-font-weight:normal"><span style="Arial","sans-serif""> <a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm#art8"><span style="text-decoration:none;text-underline:nonecolor:windowtext;" >(Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)</span></a></span></b></span><span style="Arial","sans-serif"font-size:85%;" >.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif";mso-fareast-language:AR-SAfont-size:85%;" > </span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif";mso-fareast-language:AR-SAfont-size:85%;" >A Lei 12.010/2009, que estabeleceu todo o sistema atual da adoção, revogou a diferenciação de períodos de licença maternidade distinguidos pela idade da criança. Tal norma ainda estabelecia o teto de oito anos para a concessão do benefício, o que contrariava o Estatuto da Criança e do Adolescente e a própria Constituição Federal que não definiu tipos diferentes de crianças ou jovens.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif";mso-fareast-language:AR-SAfont-size:85%;" >De acordo com o ECA, <b style="mso-bidi-font-weight:normal"><i style="mso-bidi-font-style:normal">“</i></b></span><span style="font-size:85%;"><strong><i style="mso-bidi-font-style:normal"><span style="Arial","sans-serif"; font-weight:normal;mso-bidi-font-weight:bold">Considera-se criança(...) a pessoa até doze anos de idade incompletos”</span></i></strong><strong><span style="Arial","sans-serif";font-weight:normal;mso-bidi-font-weight: bold"> e qualquer tratamento discriminatório por idade é vedado pelo ordenamento jurídico brasileiro no artigo 3º, IV, da CF. </span></strong></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif";mso-fareast-language:AR-SAfont-size:85%;" >A jurista Maria Helena Diniz conceitua (1995, p. 282):</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 18pt 0cm 18pt 5cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="font-size:85%;"><strong><span style="Arial","sans-serif";font-weight:normal; mso-bidi-font-weight:bold">A adoção vem a ser o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consangüíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que geralmente lhe é estranha.</span></strong></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 5pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif";mso-bidi-font-style:italicfont-size:85%;" >A criança a adotada, em via de regra, não conhece anteriormente o adotante. A relação familiar vem ao mundo a partir de regras de Direito, mas impera o total desconhecimento das regras da vida, das regras do amor. Apenas a convivência poderá delinear qual a verdadeira relação surgirá a partir daí. Esse momento de interação além do período comum, tal qual se define enquanto licença maternidade é crucial para a criança.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 5pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif";mso-bidi-font-style:italicfont-size:85%;" >Ao contrário da gestante, no caso da Licença Maternidade deferida à adotante, não se justifica qualquer diferencial em relação ao homem e sua Licença Paternidade. Aqui não entra o aspecto biológico da amamentação enquanto fator consubstanciador de diferenciação lícita.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 5pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif";mso-bidi-font-style:italicfont-size:85%;" >Sem sombra de dúvida, torna-se medida constitucionalmente imperativa a concessão de licença paternidade ao pai solteiro, adotante único, nos mesmos prazos e condições da Licença Maternidade, nos termos dos artigos 392 e 392-A da CLT. </span><span style="Arial","sans-serif";mso-fareast-language:AR-SAfont-size:85%;" >O instituto da adoção não se restringe somente às mulheres. Sendo assim, deve também ser assegurado ao pai adotante solteiro esse período de licença sem prejuízo do seu salário.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif"font-size:85%;" >Tal interpretação não traz matéria inédita em sua caracterização da Licença Paternidade. Nesse mesmo sentido foi aprovado pelo Senado Federal o PLS 165/2006 que modifica a CLT para introduzir o princípio da isonomia à Licença Paternidade em relação à maternidade. De acordo com a proposta aprovada no Senado assim ficaria a redação do artigo celetista:</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif"font-size:85%;" > </span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 6pt 42pt 0.0001pt 5cm; text-align: justify; text-indent: -0.9pt; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif"font-size:85%;" ><span style="mso-spacerun:yes"> </span>Art. 393-A. Ao empregado é assegurada a licença-paternidade por todo o período da licença-maternidade ou pela parte restante que dela caberia à mãe, em caso de morte, de grave enfermidade, ou do abandono da criança, bem como nos casos de guarda exclusiva do filho pelo pai.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 6pt 42pt 0.0001pt 5cm; text-align: justify; text-indent: -0.9pt; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif"font-size:85%;" > </span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 0cm 42pt 0.0001pt 5cm; text-align: justify; text-indent: -0.9pt; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif"font-size:85%;" >Art. 393-B. O empregado faz jus à licença-paternidade, nos termos do art. 392-A, no caso de adoção de criança, desde que a licença- maternidade não tenha sido requerida.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 70.9pt; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif";mso-fareast-language:AR-SAfont-size:85%;" > </span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif";mso-fareast-language:AR-SAfont-size:85%;" >Tal projeto está em tramitação, no entanto, a sua base é a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente, normas em pleno vigor e que vedam tratamento discriminatório da criança adotada para o filho biológico e da mulher em relação ao homem.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif";mso-fareast-language:AR-SAfont-size:85%;" >Visando sempre o Melhor Interesse da Criança, consagrado pelo ECA e o direito à convivência familiar, garantido pela Constituição, é de extrema importância esse convívio inicial integral, tanto para a criança como para o adotante e nos exatos termos do que diz a legislação. </span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif";mso-fareast-language:AR-SAfont-size:85%;" >Ademais, aplicando-se o Princípio da Isonomia e o da Igualdade entre os sexos, ambos presentes no artigo 5º da Lei Maior, não há que se fazer distinção para a concessão da licença ora pretendida, visto que o adotante é sozinho para cuidar da criança. </span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 18pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif"font-size:85%;" >Além de tudo o que fora exposto, leva-se em consideração a idade da criança adotada. Aos 09 anos de idade as chances de uma criança ser adotada são bastante remotas. É público e notório que a cultura ocidental estabelece uma predileção pela adoção de crianças com menos de 01 anos de idade, onde aquele ser humano guardará menos traços e laços com o mundo de sofreguidão vivido pelo abandono e estará mais facilmente adaptado ao novo lar. O pai que adota uma criança com idade avançada decide também enfrentar esta difícil circunstância.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin: 18pt 0cm; text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif"font-size:85%;" >A atitude da adoção tardia não deve ser apenas respeitada com a igualdade de tratamento. Ela deve ser encarada não como uma adoção comum, mas sim como uma atitude trilhada sobre o caminho do interesse público. O adotante nas condições apresentadas no processo administrativo em apreço escolheu o caminho incerto e nebuloso de iniciar uma convivência com alguém que já tem uma pequena história de vida, ou melhor, uma história de sofrimento pela ausência de uma família. Tal convivência não será fácil. A adaptação irá requerer muita dedicação e muito amor. O mínimo que o Estado pode fazer numa situação de tamanha grandeza pessoal e abdicação particular é deferir tratamento igualitário ao da mulher.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif"font-size:85%;" >O ECA afirma que <i style="mso-bidi-font-style:normal">“toda criança tem direito a ser criado e educado no seio da sua família”</i><b>. </b><span style="mso-bidi-font-weight:bold">Toda criança tem, além disso, o direito de tentar ser feliz. A relação mantida nessas circunstâncias representa isso, a busca pela felicidade. </span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-weight:boldfont-size:85%;" > </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-weight:boldfont-size:85%;" >Por todo arcabouço jurídico exposto resta a pertinência lógica de que a concessão integral da Licença Paternidade ao pai nos mesmos moldes da Licença Maternidade destinada à mulher adotante, ou seja, durante o período de 120 dias de acordo com o artigo 392 da CLT é um dever estatal. É um compromisso com o Direito e a justiça. É compromisso com a sociedade.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-weight:boldfont-size:100%;" > </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="font-size:100%;"><b><span style="Arial","sans-serif"">RODRIGO MACHADO </span></b></span><span style="Arial","sans-serif";mso-bidi-font-weight: boldfont-size:100%;" >é advogado atuante no ramo do Direito Público.</span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="Arial","sans-serif"font-size:100%;" > </span></p>
<br />Rodrigo Machadohttp://www.blogger.com/profile/14444666012379579794noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6732112676983687698.post-89862526903411687272011-06-21T06:41:00.000-07:002011-06-21T15:28:25.977-07:00Deixa o menino jogar ô iaiá...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyuG_OKmxC3k2FLz11YAyh5ccx6hwwS5Xbyg86dcDG-jpqWehHHipNthjyoEEQ33CNdjX-jJj6wSefHsUN2KQJuLnm6NOkzoL41GnRNfOK0joeJhl8wFyczP3mKJWxldG8sqc-k1ffPDT1/s1600/1540319.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 288px; height: 216px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyuG_OKmxC3k2FLz11YAyh5ccx6hwwS5Xbyg86dcDG-jpqWehHHipNthjyoEEQ33CNdjX-jJj6wSefHsUN2KQJuLnm6NOkzoL41GnRNfOK0joeJhl8wFyczP3mKJWxldG8sqc-k1ffPDT1/s320/1540319.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5620672001757913810" /></a><br /><br /><br /><br />Jobson é mais um menino negro, brincalhão e sorridente como milhares de meninos baianos. Jobson poderia ter nascido na Boca do Rio, no Candeal ou em qualquer bairro de São Salvador. Mas, Jobson nasceu distante. Nasceu lá no norte, na cidade de Conceição do Araguaia. Andou muito chão até chegar aqui. E olha, nessa trilha reuniu muitas histórias.<br />Em 2009 Jobson foi flagrado com a presença de cocaína em dois jogos diferentes do Campeonato Brasileiro da série A, quando atuava pelo Botafogo. Em julgamento do STJD o garoto foi punido com dois anos de afastamento do futebol e depois teve a sua pena reduzida para seis meses. <br />Na sessão do STJD ele assumiu ser usuário de crack, um derivado da cocaína, desde o ano de 2008. Cumpriu a sua pena, mas a Agência Mundial Antidoping apresentou recurso perante o Tribunal Arbitral do esporte (TAS) e o julgamento aconteceu hoje, dia 21 de junho de 2011, na cidade suíça de Lausanne. Jobson poderá ter sua pena agravada ou até ser banido do futebol. A decisão poderá sair em até 60 dias.<br />De acordo com o site da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas “o Pulmão é o principal órgão exposto aos produtos da queima do crack.”* E o pulmão do menino Jobson está a todo vapor com uma velocidade incrível. Já é o maior driblador da série A com média de 6,6 dribles por jogo.<br />Jobson não fez uso de uma substância para obter vantagem no esporte. Seu problema está relacionado com uma droga de uso recreativo e grave problema social. Poderia ter acabado com a sua carreira, mas não acabou. A Justiça Desportiva poderá cumprir um papel que até o crack não conseguiu: o de destruir os sonhos de um menino.<br />Nenhuma decisão arbitral ou judicial tem o direito de acabar com a carreira de um garoto. Nenhum Juiz está acima da esperança que todos os seres humanos têm em ver um menino com problemas dar a volta por cima e se recuperar. Esse sim é um exemplo muito maior que um agravamento da pena. Isso sim é uma verdadeira lição de superação.<br />Jobson precisa continuar jogando não apenas para a torcida do Bahia ou para o deleite dos amantes de futebol. O momento vai muito além do esporte. Jobson necessita continuar trabalhando para ser lembrado como alguém que teve uma segunda chance e conquistou o seu espaço. <br />O menino Jobson não nasceu na Bahia. Ele “renasceu” na Bahia. Chegou na hora certa. Abriu a porta como quem é de casa e já tomou lugar no coração dos baianos. E pelo seu encanto hoje somos todos uma única torcida. Cantamos a mesma música para ser ouvida bem distante pelos julgadores desse garoto: “Deixe o menino jogar, ô iaiá! Deixe o menino aprender ô iaiá”. Que ele aprenda com a vida e nos ensine a acreditar no Homem. <br /><br />_____________________________________________<br /> * http://www.brasil.gov.br/enfrentandoocrack/efeitos-e-consequenciasRodrigo Machadohttp://www.blogger.com/profile/14444666012379579794noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6732112676983687698.post-69836095321763016722011-06-08T19:39:00.000-07:002011-06-09T17:24:34.917-07:00Uma justiça esculpida em madeira.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZZNxpiLGmdJtNOnfIzfgJNC8YOg7lppRnZOD_h0gUJDHKHVypA4yEqXc4nkQMBrdjCmu60XSCrNzQBX-dHXdPtIqj4b36v0a2r0oND869wiRFmYUoDiPb_DC6Zha_JPTSMOA03wo0KuB9/s1600/madeira.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 161px; height: 295px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZZNxpiLGmdJtNOnfIzfgJNC8YOg7lppRnZOD_h0gUJDHKHVypA4yEqXc4nkQMBrdjCmu60XSCrNzQBX-dHXdPtIqj4b36v0a2r0oND869wiRFmYUoDiPb_DC6Zha_JPTSMOA03wo0KuB9/s320/madeira.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5616045034355747682" /></a><br /><br />Essa semana li a decisão judicial de um Desembargador que reproduz em sua personalidade todas as lembranças da infância ao lado do seu pai Marceneiro. O Magistrado julgou recurso em que uma criança requeria indenização do motociclista que atropelou o seu pai, também marceneiro. Um caso muito interessante que nos remete à reflexão.<br />Eu iniciei a minha vida de Advogado na cidade de Malhador, agreste sergipano. Fui convidado a trabalhar num caso em que os servidores públicos daquela cidade, administrada há décadas pelo coronelismo, não recebiam o salário mínimo mensal. Eram remunerações pífias abaixo do valor legal. <br />Ajuizamos Mandados de Segurança contra aquela situação perversa. Era um tempo difícil pela ausência de organização deles e o sindicato nem tinha como pagar os custos das minhas viagens para a cidade. Eu dividia a gasolina com os meus sócios e outros sindicatos. Não tínhamos muita estrutura financeira, mas eu tinha uma estrutura sentimental muito forte por aqueles servidores, a qual criava o equilíbrio e me fazia continuar. Lembro que sempre voltava da cidade com o carro repleto de banana, aipim, côco e muitos presentes. Meus honorários eram verdadeiramente in natura.<br />Conseguimos mudar a cidade com as decisões judiciais que obrigaram a Administração Pública a fazer o pagamento do salário mínimo, mas precisávamos requerer as diferenças remuneratórias não pagas ao longo do tempo. Ajuizamos as ações e, para minha surpresa, o Magistrado negou o pedido de “justiça gratuita”. <br />Justiça gratuita é um benefício criado pela Lei 1060/50 e garante a isenção do pagamento de despesas judiciárias necessárias a interposição e andamento de um processo. Para ter esse direito é preciso afirmar que é pobre nos termos da lei. Para negar, deve existir prova em contrário. Através desse instituto o cidadão tem acesso à Justiça.<br />No processo de Malhador estávamos falando de servidores que não ganhavam nem um salário mínimo. A condição de pobreza era explícita, mas o julgador negou. Recorremos perante o Tribunal de Justiça através de um recurso denominado “Agravo de Instrumento” e conseguimos a justiça gratuita para todos aqueles servidores.<br />Essa semana um caso idêntico aconteceu no Tribunal de Justiça de São Paulo e a decisão foi uma obra de arte da literatura jurídica. Foi uma decisão do Desembargador José Luiz Palma Bisson, do Tribunal de Justiça de São Paulo. Pelo seu voto, foi concedida a gratuidade judiciária contra decisão de um Juiz em Marília (SP). A ação foi movida por uma criança contra o motociclista que atropelou e matou o seu pai, um marceneiro. A criança pediu a gratuidade judiciária. O Julgador de Marília negou o pedido. O Desembargador também é filho de um marceneiro e a sensibilidade da decisão toca a alma de qualquer um. Vejam:<br /> <br />“É o relatório. <br /><br />Que sorte a sua, menino, depois do azar de perder o pai e ter sido vitimado por um filho de coração duro - ou sem ele -, com o indeferimento da gratuidade que você perseguia. Um dedo de sorte apenas, é verdade, mas de sorte rara, que a loteria do distribuidor, perversa por natureza, não costuma proporcionar. Fez caber a mim, com efeito, filho de marceneiro como você, a missão de reavaliar a sua fortuna. <br /> <br />Aquela para mim maior, aliás, pelo meu pai - por Deus ainda vivente e trabalhador - legada, olha-me agora. É uma plaina manual feita por ele em paubrasil, e que, aparentemente enfeitando o meu gabinete de trabalho, a rigor diuturnamente avisa quem sou, de onde vim e com que cuidado extremo, cuidado de artesão marceneiro, devo tratar as pessoas que me vêm a julgamento disfarçados de autos processuais, tantos são os que nestes vêem apenas papel repetido. É uma plaina que faz lembrar, sobretudo, meus caros dias de menino, em que trabalhei com meu pai e tantos outros marceneiros como ele, derretendo cola coqueiro - que nem existe mais - num velho fogão a gravetos que nunca faltavam na oficina de marcenaria em que cresci; fogão cheiroso da queima da madeira e do pão com manteiga, ali tostado no paralelo da faina menina. <br /> <br />Desde esses dias, que você menino desafortunadamente não terá, eu hauri a certeza de que os marceneiros não são ricos não, de dinheiro ao menos. São os marceneiros nesta Terra até hoje, menino saiba, como aquele José, pai do menino Deus, que até o julgador singular deveria saber quem é. <br /> <br />O seu pai, menino, desses marceneiros era. Foi atropelado na volta a pé do trabalho, o que, nesses dias em que qualquer um é motorizado, já é sinal de pobreza bastante. E se tornava para descansar em casa posta no Conjunto Habitacional Monte Castelo, no castelo somente em nome habitava, sinal de pobreza exuberante. <br /> <br />Claro como a luz, igualmente, é o fato de que você, menino, no pedir pensão de apenas um salário mínimo, pede não mais que para comer. Logo, para quem quer e consegue ver nas aplainadas entrelinhas da sua vida, o que você nela tem de sobra, menino, é a fome não saciada dos pobres. <br /> <br />Por conseguinte um deles é, e não deixa de sê-lo, saiba mais uma vez, nem por estar contando com defensor particular. O ser filho de marceneiro me ensinou inclusive a não ver nesse detalhe um sinal de riqueza do cliente; antes e ao revés a nele divisar um gesto de pureza do causídico. Tantas, deveras, foram as causas pobres que patrocinei quando advogava, em troca quase sempre de nada, ou, em certa feita, como me lembro com a boca cheia d'água, de um prato de alvas balas de coco, verba honorária em riqueza jamais superada pelo lúdico e inesquecível prazer que me proporcionou. <br /> <br />Ademais, onde está escrito que pobre que se preza deve procurar somente os advogados dos pobres para defendê-lo? Quiçá no livro grosso dos preconceitos... <br /> <br />Enfim, menino, tudo isso é para dizer que você merece sim a gratuidade, em razão da pobreza que, no seu caso, grita a plenos pulmões para quem quer e consegue ouvir. <br />Fica este seu agravo de instrumento então provido; mantida fica, agora com ares de definitiva, a antecipação da tutela recursal. <br /> <br />É como marceneiro que voto. <br /> <br />JOSÉ LUIZ PALMA BISSON<br />"Relator Sorteado”Rodrigo Machadohttp://www.blogger.com/profile/14444666012379579794noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6732112676983687698.post-47550814139823217702011-05-17T15:27:00.000-07:002011-05-17T15:34:42.423-07:00O conservadorismo do STF e a família homoafetiva.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1ewwKN1sODIQEV2PcLqjZb0V70Tw1gR5oYYUYU5KbnuZymBvN6G5hjYzx57qvDWe_N8rQTSxKgxxQ7fB8eFnJAyoFw06NFyToUkjpKjSJY5vAT-8hgInAVGzRIs7WlMe1BzzCpMDT1_rO/s1600/SIJOGA_UNIO_HOMOAFETIVA.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 225px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1ewwKN1sODIQEV2PcLqjZb0V70Tw1gR5oYYUYU5KbnuZymBvN6G5hjYzx57qvDWe_N8rQTSxKgxxQ7fB8eFnJAyoFw06NFyToUkjpKjSJY5vAT-8hgInAVGzRIs7WlMe1BzzCpMDT1_rO/s320/SIJOGA_UNIO_HOMOAFETIVA.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5607816994475236482" /></a><br /><br />Hannah Arendt disse que pertencia a uma geração em que tudo aquilo que julgava impossível de acontecer, aconteceu. Essa é a sensação que tomou conta de diversos operadores do Direito no último dia 05 de maio de 2011: O STF reconheceu a constitucionalidade das relações homoafetivas.<br />Em minha vida de advogado ainda encontro um Judiciário que permeia os caminhos do conservadorismo. A imensa maioria de seus quadros tem origem nas camadas abastadas da sociedade e isso influencia nos seus julgados. Além do mais, uma sociedade machista e homofóbica não teria um Judiciário totalmente afastado desses preconceitos. Mas, nem tudo é pesadelo.<br />No julgamento da ADI 4377 e da ADPF 132, o Supremo Tribunal Federal comandou uma das maiores mudanças em nosso ordenamento jurídico ao definir a união entre pessoas do mesmo sexo enquanto entidade familiar. Por tal interpretação, a Corte Suprema interferiu no cotidiano de milhares de pessoas, sejam elas homossexuais ou heterossexuais, uma vez que concedeu exatamente os mesmos direitos a todos casais que mantêm uma união estável, independentemente do sexo, e caracterizou como inconstitucional qualquer prática discriminatória.<br />A decisão do STF deixou o Congresso Nacional em maus lençóis. O Poder Legislativo ficou inerte durante muitos anos sob a pressão de religiosos conservadores e não conseguiu cumprir o seu papel normativo regulamentador. Diante da omissão, coube ao Poder Judiciário dar efetividade aos preceitos constitucionais que vedam qualquer forma de discriminação, a exemplo do artigo 3º que exterioriza como um dos quatro objetivos fundamentais da nossa República a promoção o “bem de todos, sem preconceitos de (...) sexo” e ainda veda “quaisquer outras formas de discriminação”. <br />O pedido das ações era o de interpretação do artigo 1723 do Código Civil “conforme a Constituição” para a aplicação de que a união estável não pode ser somente reconhecida na relação entre o homem e a mulher. Nos votos dos Ministros do Supremo, o artigo 226 da Constituição Federal foi interpretado extensivamente para dar espaço ao reconhecimento da família homoafetiva. A partir daí, foi reconhecida uma série de direitos dos homossexuais.<br />No olhar do julgamento da Corte, as normas constitucionais não excluem outra modalidade de entidade familiar. Quando a CF diz no § 3º do artigo 226 que a união estável será reconhecida “entre o homem e a mulher” é uma afirmação que combate o machismo, mas não para identificar proibição, uma vez que como bem ressaltou o Ministro Carlos Britto, relator das ações, “(...) a normação desse novo tipo de união, agora expressamente referida à dualidade do homem e da mulher, também se deve ao propósito constitucional de não perder a menor oportunidade de estabelecer relações jurídicas horizontais ou sem hierarquia entre as duas tipologias do gênero humano, (...), tal a renitência desse ranço do patriarcalismo entre nós (não se pode esquecer que até 1962, a mulher era juridicamente categorizada como relativamente incapaz, para os atos da vida civil, nos termos da redação original do art. 6º do Código Civil de 1916);<br /><br />O STF numa única decisão falou sobre o reconhecimento da união homoafetiva, colocou a homofobia no rol das ilicitudes, abriu caminho para a adoção por casais homossexuais e ainda ressaltou a vontade constitucional de abolir o machismo. <br />O voto do Ministro Carlos Britto, protagonista de tal julgamento, se transformou em leitura indispensável aos militantes de Direitos Humanos, aos operadores do Direito e aos amantes. É, na verdade, uma carta de amor destinada aos seres humanos. É humanista, fraterno, poético e filosófico. Entrou para o rol dos maiores documentos jurídicos brasileiros.<br />Carlos Britto teceu amiúde o medo que as pessoas têm ao amor diferente daquilo que é socialmente aceito como natural. Mas, o que é anti-natural no ato de amar indivíduos de mesmo sexo? No Direito, “tudo que não estiver juridicamente proibido, ou obrigado, está juridicamente permitido”. No amor, a regra é bem parecida, tudo aquilo que lhe dá carinho, que lhe faz bem, pode ser trilhado.<br />Esse é o conservadorismo do STF que pretendo ressaltar de agora em diante. Conservar as garantias do amor, da fraternidade e do respeito ao interesse do outro. Cada um tem a sua forma de amar. E cada ser humano tem o direito de ser respeitado.<br />Eis um julgamento a ser comemorado por todos que acreditam na transformação de uma sociedade verdadeiramente igualitária. Os nossos problemas dentro do sistema capitalista ainda não acabaram, mas uma parcela de nossos cidadãos está mais feliz. Para eles, a decisão do Supremo representou um arco-íris que se mostra numa bela manhã de sol, sol de liberdade e esperança. A discriminação ainda não acabou, mas nessa batalha ela foi derrotada.Rodrigo Machadohttp://www.blogger.com/profile/14444666012379579794noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6732112676983687698.post-26249546728918850692010-07-28T10:41:00.001-07:002010-07-29T07:07:20.486-07:00Casamento Gay: O pecado preconceituoso da igreja.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_if6Weu-TvggVtonI7JcFMnDygvzLwOsoXAks-t07keTMmrsAUZpb6UwLCCPa1jNayIs_185OBv0EngIrSd3EsoD5wAJ28B9SUqrrFl2KiiL4UNphmMjm4sfkDvFv4yexzSA2mcz5UOLk/s1600/argentina_casamento_gay.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 299px; height: 224px;" 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O técnico nem esperou a repórter concluir a sua pergunta e foi logo dizendo: “<i style="">Não, não, não. Eu gosto é das mulheres!” </i>É, mas se Maradona fosse gay ficaria muito feliz com o seu país. A argentina é o décimo país do mundo a autorizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Uma vitória da diversidade!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="line-height: 150%;font-family:";font-size:12pt;" ><span style=""> </span>Mas, ao contrário do que o inocente poderia imaginar, a vitória da igualdade civil foi conquistada à fórceps. A Igreja, principal adversária do projeto de lei, chamou o caso de “Guerra contra Deus”. O debate sobre a lei tomou conta de toda a sociedade, trazendo à tona o termo “casamento igualitário”, mas também versou sobre direito à herança, às pensões previdenciárias e adoção de crianças por homossexuais. Sob o argumento de que a relação entre pessoas do mesmo sexo não é natural, a igreja saiu às ruas e foi derrotada na Argentina.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="line-height: 150%;font-family:";font-size:12pt;" >Um cartaz de manifestante partidário do casamento igualitário em frente ao Senado argentino afirmava "Deus, proteja-nos dos teus seguidores". A intolerância e perseguição sofrida por aqueles que possuem orientação sexual na trilha LGBT (Lésbicas, Gays Bissexuais e travestis) demonstra o nível de conservadorismo ainda presente na sociedade moderna.<o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >Se o Brasil ainda não chegou nesse estágio de respeito aos Direitos Civis, precisamos buscar espaços na lei para a sua efetivação. Todos são iguais perante a lei e diante de qualquer igreja/religião. Expressar tratamento discriminatório ofende a Constituição Federal (art. 1º, III, 5º, caput , e art. 3º, IV, da Constituição Federal) e é crime contra a honra. <o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >O ordenamento jurídico garante a liberdade de associação para fins lícitos (art. 5º, XVII da CF), autorizando, inclusive, o registro civil do compromisso de uma sociedade moral (art. 114, I da Lei 6.015, de 1973). Isso significa dizer que até o momento em que consigamos romper com o preconceito e aprovemos o casamento gay no Brasil, os cidadãos podem registrar a sociedade homossexual de fato no cartório de registro civil, sob a permissão de constituição de uma sociedade com vínculo moral.<o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >A ampla divulgação das pautas de reivindicação dos Direitos LGBT deve entrar na trilha do avanço das garantias individuais em nosso país, inclusive com a aprovação pelo Congresso Nacional da União estável entre pessoas do mesmo sexo (PL 1.151, de 1995) e a criminalização explícita da homofobia (PLC 122, de 2006).<o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >Os cidadãos plenamente capazes tem o direito de amar a quem desejar e também o direito de registrar essa relação. A nossa sociedade precisa abrir mão de se formalizar pelo que é pecado ou não. No futebol disputamos com os argentinos, mas na luta pelos Direitos Civis, vamos perdendo de goleada. Pecado? Pecado mesmo é não respeitar alguém só porque ele é diferente.<o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >Inferno é chamado o local onde ficam os que desrespeitam a vontade de Deus. E como se chama o lugar onde se desrespeita a vontade do ser humano? Ah, lembrei! Chamam de “Brasil”!</span><span style=";font-family:";" ><o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><b style=""><span style=";font-family:";" ><o:p> </o:p></span></b></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><b style=""><span style=";font-family:";" >Rodrigo Machado<o:p></o:p></span></b></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >Texto publicado no site <a href="http://www.cinform.com.br/blog/rodrigomachado">www.cinform.com.br/blog/rodrigomachado</a><o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >Twitter: @orodrigomachado<o:p></o:p></span></p>
<br />
<br />Rodrigo Machadohttp://www.blogger.com/profile/14444666012379579794noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6732112676983687698.post-44812961668023276042010-07-10T12:57:00.000-07:002010-07-10T13:52:34.336-07:00O livre Direito de Amar e a Nova Lei do Divórcio.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkf0Rxx1E5rkndwuQvYSnH7nRxjIJn5pm5OYjqypm8Zx6HELEo2540idmz_4m6IkSPAwO1AEL1xyx4qOSepMjMZ-H6ua20G-jq2oceHAikgNmtsLrpWDzMAa2_7Z_zYVIJoXd5sLYv7zge/s1600/grande-casal2.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkf0Rxx1E5rkndwuQvYSnH7nRxjIJn5pm5OYjqypm8Zx6HELEo2540idmz_4m6IkSPAwO1AEL1xyx4qOSepMjMZ-H6ua20G-jq2oceHAikgNmtsLrpWDzMAa2_7Z_zYVIJoXd5sLYv7zge/s320/grande-casal2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5492381957335021842" border="0" /></a>
<br /><meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 14"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 14"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CRODRIG%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <o:officedocumentsettings> <o:allowpng/> </o:OfficeDocumentSettings> </xml><![endif]--><link rel="themeData" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CRODRIG%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link rel="colorSchemeMapping" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CRODRIG%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> 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style=";font-family:";" >Amo, amo, amo muito! Quero casar com você!</span></i><span style=";font-family:";" > Essa frase pode significar o começo de uma linda relação de amor, um casamento. A vida a dois é linda, cheia de planos, vem os filhos, vem as contas, os compromissos, os problemas. Não há duvida. Quem vive junto vive tudo, as partes boas e ruins de um ser humano. A grande questão da vida é saber até quando a convivência tem a maior fatia do bolo positiva. Aí, como coerentemente pensou Vinícius de Moraes, deixa de ser eterno e precisa deixar de existir. Não para sumir, mas para se transformar em outra coisa. Numa outra relação, seja ela de amizade ou de paternidade, mas não precisa ser ruim.<o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >Um amigo do sertão já doutrinava que a separação se resolve em três etapas: Os três primeiros meses o ser humano chora, chora com os pés inchados; Depois seguem mais três meses onde se chora, ainda sofre, mas os pés já estão normalizados. Depois de seis meses a pessoa já está pronta para outra. E ele ainda completa a frase dizendo <i style="">“Casamento é bom, é melhor do que morrer queimado”. </i>Uma pérola do dito popular.<i style=""><o:p></o:p></i></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >O cantor Fábio Júnior respondeu ao ser questionado por tantos casamentos que teve (casado mais de cinco vezes) que só vivia a parte boa da relação. Para ele e para os milhões de brasileiros e brasileiras que pensam em dissolver o casamento e buscar uma nova história a Constituição Federal resolveu ajudar e facilitar.<o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >Na semana passada foi aprovada no Congresso Nacional a PEC 28 de 2009, reconhecida como a PEC do Divórcio, que altera a forma como as pessoas vão dar fim ao casamento e facilita essa fase tão difícil da vida. Através da Emenda Constitucional o casal não vai precisar se “separar” judicialmente para depois entrar com nova ação de divórcio. Também não vai mais ser necessária a espera de dois anos para ajuizar a ação de divórcio direto como estava na Constituição. Agora, quem tiver interesse em se separar fará tudo em um único procedimento seja ele judicial ou extrajudicial. Resolve-se tudo em único ato e em ambos os casos com a presença de advogado.<o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >A nova redação do parágrafo 6º da Constituição Federal exclui a separação judicial do ordenamento jurídico. A separação judicial dissolvia a sociedade conjugal, afirmando o fim daquela relação amorosa, mas impedia a existência de um novo casamento. O casal era obrigado a ficar um ano com um vínculo indesejável até ajuizar a ação do divórcio. Isso acabou.<o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >A alteração da lei dá vida ao ordenamento jurídico, pois assume um papel de coerência com a realidade. A mudança é grande. Antes da alteração legal se o casal fizesse a separação judicial e mesmo após a sentença se arrependesse, precisaria apenas de um pedido judicial simples para voltar a dar força ao casamento. A reconciliação do casal após o divórcio somente poderá acontecer com a confecção de um novo casamento. A fase é definitiva.<o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >De acordo com o instituto atual do divórcio, não cabe a discussão de culpa para a sua efetivação, ou seja, ao contrário da separação judicial, no divórcio, não cabe a apuração judicial se algum dos cônjuges teve responsabilidade para o fim do matrimônio. Um querendo separar, separados estarão. A discussão do processo resultaria exclusivamente sobre pagamento de pensão, guarda ou visita aos filhos e até mesmo possíveis indenizações requeridas. Se alguém quer se separar, seja qual for o motivo, ninguém poderá impedi-lo.<o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >Vale ainda lembrar que não havendo filhos crianças, adolescentes ou incapazes o casal que decidir pelo divórcio poderá, de acordo com o artigo 1124-A do Código de Processo Civil, procurar se separar por escritura pública em cartório. Tal procedimento nem precisa de homologação judicial, ou seja, menos trabalho para a Justiça e particulares. Aqueles que se declararem pobres nem precisam arcar com os custos da escritura pública.<o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" >As mudanças deixam para os próprios envolvidos a responsabilidade sobre o tempo de amar e de separar e o de buscar um novo amor. A lei sai de campo para que o coração e a mente assumam a responsabilidade do rumo da vida de cada um. Agora, impera com mais força a vontade do cidadão. A coerência da modificação atende ao Direito de Amar, de Separar e – principalmente – o Direito de Sonhar com uma nova vida.<o:p></o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=";font-family:";" ><o:p> </o:p></span></p> <p style="text-align: justify; line-height: 150%;"><b style=""><span style=";font-family:";" >Rodrigo Machado</span></b><span style=";font-family:";" > é advogado.<o:p></o:p></span></p> <span style="line-height: 115%;font-family:";font-size:100%;" lang="EN-US" >Email: </span><span style="line-height: 115%;font-family:";font-size:100%;" ><a href="mailto:orodrigoadvogado@hotmail.com"><span style=";font-family:";" lang="EN-US">orodrigoadvogado@hotmail.com</span></a></span>
<br />Rodrigo Machadohttp://www.blogger.com/profile/14444666012379579794noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6732112676983687698.post-25969578071273446112010-07-06T08:59:00.000-07:002010-07-06T09:01:19.130-07:00FOLHA DA MORALIDADE.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF1C0UYwqOf4h63qtFGLN5lXHKrFGJDjLdt2GGtrBI4atsxliLlt3jJA_zaEzihLeG_WPzjklBsrE3RGdXU8lOLtM374MZ_bA3Klq5rT9rZJyOSDZblZsxsQ0WRIJJqUk0VdcpgwXNNbxI/s1600/corrupcao+4.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 314px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF1C0UYwqOf4h63qtFGLN5lXHKrFGJDjLdt2GGtrBI4atsxliLlt3jJA_zaEzihLeG_WPzjklBsrE3RGdXU8lOLtM374MZ_bA3Klq5rT9rZJyOSDZblZsxsQ0WRIJJqUk0VdcpgwXNNbxI/s320/corrupcao+4.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5490823749385375874" border="0" /></a><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"></span></b><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">O<b> </b>Tribunal de Contas do Estado de Sergipe e a permissão para que Prefeitos não apresentem a folha de pagamento de pessoal. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"> <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">No Brasil, a expressão “funcionário fantasma” sempre conviveu cotidianamente com o noticiário sobre a Administração Pública. Aliás, até já elegemos um Presidente que se intitulava caçador de tal espécie presente no Poder Público. Quando mais tarde descobriu-se que era representante dos sangradores do erário, conseguimos colocá-lo para fora através do impeachment. Tudo bem ele voltou, é senador e candidato ao governo de Alagoas, mas aí já é outra história de terror. Vamos ao que interessa!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Como saber que existem funcionários fantasmas numa determinada Administração Pública? Ou como saber se servidores públicos “amigos do rei” estão recebendo valores acima do estipulado por lei? Contratando os Caça-fantasmas (Ghostbusters)? Não, esse filme não passa na televisão da política brasileira. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">É apenas através do acesso a folha de pagamento dos servidores públicos. Pois bem, o Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, encaminhou no ano passado, ofício aos prefeitos sergipanos, permitindo a não entrega da Folha de Pagamento de servidores por quebra ao princípio da privacidade.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Em sessão ocorrida no dia 08 de outubro de 2009, o Pleno do Tribunal de Contas deliberou por tal encaminhamento com base no artigo 5º, LX, da Constituição Federal e do artigo 7º da Lei 11.111, de 05 de maio de 2005. Após a aprovação de todos os conselheiros, ofício circular (nº 006/2009) foi enviado a todos os chefes executivos dos municípios sergipanos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"> O inciso LX presente na disposição de garantias fundamentais da Constituição Federal foi utilizado pelo TCE na argumentação do ofício e – realmente - garante que <i>“a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”.</i><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Além da norma constitucional posta, a Corte de Contas sergipana explicita como fundamento do aludido ofício o artigo 7º da Lei 11.111/05 que afirma <i>“Os documentos públicos que contenham informações relacionadas à intimidade, vida privada, honra e imagem de pessoas, e que sejam ou venham a ser de livre acesso poderão ser franqueados por meio de certidão ou cópia do documento, que expurgue ou oculte a parte sobre a qual recai o disposto no </i></span><a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art5x" target="_blank"><i><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif"; color: windowtext; text-decoration: none;">inciso X do caput do art. 5<sup>o</sup> da Constituição Federal.</span></i></a><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">”</span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">O posicionamento do Conselho do Tribunal de Contas oficializa um entendimento jurídico que há muito permeia os gestores públicos e traz à tona a contradição entre os princípios da supremacia do interesse público, publicidade e moralidade em confronto com a garantia individual à privacidade. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">A folha de pagamento dos servidores públicos, ao contrário da idéia passada pelo Tribunal de Contas do Estado de Sergipe não é informação privada e confidencial. Ela representa algo coletivo e público e essa é a natureza jurídica que o ordenamento jurídico brasileiro lhe confere. Eis o nosso escopo de convencimento na presente argumentação textual.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">A Folha de pagamento dos servidores públicos de um determinado ente federativo é, na verdade, a reunião de dados e informações sobre a remuneração e o provimento de todos os ocupantes de cargos públicos vinculados à sua competência administrativa. Significa a reunião de duas informações públicas: <b>a nomeação de agentes estatais e a correspondente remuneração indicada pela lei.<o:p></o:p></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Afora a permissão dada pela realidade ao Senado Federal, no caso do escândalo “Atos Secretos”<a style="" href="#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style=""><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; font-family: "Arial","sans-serif";">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>, não existe nomeação sigilosa de servidor em cargo público e muito menos remuneração definida por ato unilateral ou secreto do gestor. A disposição em lista de todos os servidores em exercício (nomeados publicamente), somada às suas respectivas contraprestações remuneratórias estabelecidas em lei, formam a folha de pagamento dos servidores. Folha de pagamento é a publicação de dois atos já públicos: <b style="">remuneração e nomeação.</b><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Ninguém questiona a obrigatoriedade da necessidade de nomeação pública para que um cidadão tome posse e entre em exercício das funções públicas. Nenhum jurista vai defender a dispensa de lei para a definição da remuneração de servidores públicos. No entanto, a somatória de tais atos públicos é o que está sendo atacada na indicação do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">A publicidade da apresentação da listagem de ocupantes de todos os cargos públicos e suas remunerações, a folha de pagamento, é instrumento de combate à corrupção e se qualifica enquanto procedimento de transparência do dinheiro público gasto com agentes.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">O nosso ordenamento jurídico trata com firmeza os princípios da publicidade e da supremacia do interesse público sobre o privado e a Constituição estabelece em seu artigo 39, § 6º, a obrigatoriedade da publicação dos valores dos cargos públicos quando afirma que “<a name="1249e0736e0c0b00_art39§6"></a><i>os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e empregos públicos”.</i><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Na Lei Federal 8.730/93, o sistema normativo vai muito mais além quando define o acesso não apenas aos valores dos “salários” devidos aos cargos e a denominação de seus ocupantes, mas autoriza a publicidade da declaração de bens e rendas de diversos agentes públicos estatais.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Segundo a lei, “<a name="1249e0736e0c0b00_art1"></a><i>é obrigatória a apresentação de declaração de bens, com indicação das fontes de renda, no momento da posse ou, inexistindo esta, na entrada em exercício de cargo, emprego ou função, bem como no final de cada exercício financeiro, no término da gestão ou mandato e nas hipóteses de exoneração, renúncia ou afastamento definitivo, por parte das autoridades e servidores públicos”, </i><span style="">a exemplo do Presidente da República entre outros.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Ainda segundo a lei, <i><span style="">”o declarante remeterá, incontinenti, uma cópia da declaração ao Tribunal de Contas da União” </span></i><span style="">para que tais documentos estejam a disposição e forneçam<b> <i>“certidões e informações requeridas por qualquer cidadão, </i></b><i>para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou à moralidade administrativa, na forma da lei”</i>.</span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Pela força da lei, qualquer cidadão brasileiro pode ter acesso à declaração de bens do Presidente da República, desde que tenha o escopo especial de ajuizar Ação Popular, porém, pelo posicionamento jurídico do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, as remunerações e a denominação dos servidores públicos de um determinado município sergipano podem obter o manto do sigilo absoluto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Outro instituto legal vai na mesma trilha. É a Lei 9.504, de 30 de setembro de 2007, que estabelece normas para as eleições. Em seu artigo 11, §1º, IV, obriga a apresentação da declaração de bens de qualquer cidadão que deseje o registro de candidatura. E a Justiça Eleitoral dá ampla e irrestrita publicidade aos bens de todos os candidatos em seus sítios eletrônicos. Aqui impera o interesse público. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">As palavras do Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo, Doutor em Direito do Estado, Professor Wallace Paiva Martins Junior, são esclarecedoras: “<i>No direito brasileiro, o confronto da publicidade do art. 1º, §2º, IV a VI, da Lei Federal n. 8.730/93 com normas infraconstitucionais decorrentes da intimidade e da privacidade, como o sigilo bancário e o sigilo fiscal, foi resolvido com ponderação no dispositivo legal, afastando a conclusão de sacrifício oneroso e desnecessário da privacidade, pela conformação conciliadora dos expedientes (divulgação simplificada na publicação, <b>acessibilidade subordinada à finalidade específica e preservação do sigilo</b>). O acesso a tais informações é necessidade do controle da legitimidade do enriquecimento dos agentes públicos, executado pelo próprio poder público ou pelos cidadãos, na qualidade de titulares do direito à probidade administrativa. E sobejam razões.<a style="" href="#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style=""><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style=""><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; font-family: "Arial","sans-serif";">[2]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></i> <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"> Segundo o autor, a acessibilidade aos dados públicos contendo informações dos agentes estatais deve estar em consonância com um objetivo especifico. Tais informações não devem servir para a exposição pública sensacionalista, mas sim ter escopo certo e comprometido com a defesa do erário.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">No momento em que a legislação obrigou ao Estado fornecer tais dados passou a surgir o direito de obtenção para o Ministério Público, para as entidades coletivas representativas dos servidores, para as associações populares e os cidadãos que possuam interesse em ajuizar ação popular.<o:p></o:p></span></p> <p class="texto2" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A transparência dos dados presentes na folha de pagamento é medida que favorece o controle dos gastos públicos e combate de forma frontal a improbidade administrativa. Como se trata de saída de dinheiro público, a negativa de publicidade se transforma em aberração jurídica no Estado de Direito. <o:p></o:p></span></p> <p class="texto2" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">E a Lei Complementar 131 (Lei da Transparência), de 27 de maio de 2009, normatiza o presente entendimento exteriorizado, quando em seu artigo <span style="color: black;"><span style=""> </span>48-A, I, afirma que <i style="">“os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes aos atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execução da despesa(...) referentes ao número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento(...). </i></span></span><i style=""><o:p></o:p></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"> A Ministra do STF, Dra. <b>Carmen Lúcia Antunes</b>, conceitua a aludida questão de acesso aos dados da Folha de Pagamento dentro da regra constitucional denominada como <b>verdade remuneratória. </b><span style="">Tal instituto</span> obriga à entidade estatal demonstrar quanto paga ao agente público e o que lhe é devido, sem deixar passar em branco o direito destinado ao cidadão em ter noção perfeita de quanto cada funcionário ganha e por conta de que serviço. A Ministra atribui à verdade remuneratória uma <b style=""><i>“forma de se dar ao povo ciência do quanto se gasta, como se gasta e com quem se gasta”</i></b><a style="" href="#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><i><span style=""><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style=""><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; font-family: "Arial","sans-serif";">[3]</span></b></span><!--[endif]--></span></i></span></a> com o fito de patrocinar a fiscalização e o controle da Administração Pública. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">A regra da verdade remuneratória tão ferida no documento elaborado por nossa Corte de Contas, pode ainda ter como reforço outras diversas regras do ordenamento jurídico que confirmam a definição de publicidade de atos administrativos que se revertem em passagem de recursos públicos a particulares e que não são alvos de questionamentos jurídicos, a exemplo <b>das<span style=""> </span>compras e contratos administrativos (arts. 16 e 61 da Lei n. 8.666/93), dos precatórios e das operações de créditos de fomento público a particulares<a style="" href="#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style=""><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style=""><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; font-family: "Arial","sans-serif";">[4]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a>.</b> Pelo exemplo, os cidadãos que vendem para a Administração pública ou vão receber dinheiro de precatórios têm seus nomes amplamente divulgados normalmente. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">A medida tomada pelo Tribunal de Contas do Estado de Sergipe vai na contramão da transparência buscada pela sociedade brasileira e se reverte em medida protecionista aos maus administradores.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"> A transparência da atividade exercida pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário é algo que traz benefício ao estabelecimento de uma verdadeira democracia participativa e as informações públicas devem estar à disposição de todos os cidadãos e entidades que desejarem. Isso sim é respeitar o dinheiro público e favorecer a construção de um Estado cada vez mais Democrático e de Justiça.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"> <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Rodrigo Machado</span></b><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"> é advogado militante no ramo do Direito Público.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Site: </span><a href="http://www.orodrigomachado.blogspot.com/"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif"; color: windowtext;">www.orodrigomachado.blogspot.com</span></a><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Email: </span><a href="mailto:orodrigoadvogado@hotmail.com"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif"; color: windowtext;">orodrigoadvogado@hotmail.com</span></a><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";">Twitter: @orodrigomachado<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p> </o:p></span></p> <div style=""><!--[if !supportFootnotes]--><br /> <hr align="left" width="33%" size="1"> <!--[endif]--> <div style="" id="ftn1"> <p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a style="" href="#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; font-family: "Arial","sans-serif";">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Revelações que veículos de comunicação obtiveram sobre mais de 630 atos praticados por várias legislaturas no Senado Federal, de nomeações de parentes de senadores e camaradas, celebração de convênios para operações de empréstimos bancários mediante consignação em folha de pagamento, reembolso de despesas, e muitos outros itens, com envolvimento de cerca de 37 senadores e 02 ex-Diretores – Gerais da Casa. O detalhe, e este o motivo do impacto que as revelações têm alcançado: os atos administrativos referidos jamais foram publicados. Daí ao mote pelo qual o escândalo passou a ser conhecido – "Atos Secretos do Senado Federal".<o:p></o:p></span></p> </div> <div style="" id="ftn2"> <p class="MsoFootnoteText"><a style="" href="#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; font-family: "Arial","sans-serif";">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Remuneração dos agentes públicos / Wallace Paiva Martins Junior. – São Paulo : Saraiva, 2009, página 153.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoFootnoteText"><o:p> </o:p></p> </div> <div style="" id="ftn3"> <p class="MsoFootnoteText"><a style="" href="#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; font-family: "Arial","sans-serif";">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Carmen Lúcia Antunes Rocha, <i style="">Principios constitucionais dos servidores públicos, </i>São Paulo: Saraiva, 1999, p. 301-302. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoFootnoteText"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p> </o:p></span></p> </div> <div style="" id="ftn4"> <p class="MsoFootnoteText"><a style="" href="#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; font-family: "Arial","sans-serif";">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal considerou que não há sigilo informado pela publicidade em operações de crédito de fomento público a particulares (STF, MS 21.729-4-DF, Tribunal Pleno, rel. Néri da Silveira, 5-10-1995, m. v., <i style="">DJU, </i>19-10-2001).<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoFootnoteText"><o:p> </o:p></p> </div> </div>Rodrigo Machadohttp://www.blogger.com/profile/14444666012379579794noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6732112676983687698.post-17714239204487649652010-05-21T06:55:00.000-07:002010-05-21T07:39:14.395-07:00Cuidado: Azul e vermelho piscando pode ser sinal de perigo!<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGPG2pIguJyJuz77jtxhA8GkOHVw2xRGR5yYtXWu3sHqFaRsYpwLG2jLs12ULBm0kn_aQP0Y_bs7t2MbU7SJQkyGsAEkjL71rztnKJOc1C_IgwW7zuv9eTak0OdCcJCrXQIYK4jcmtCNSZ/s1600/viol%C3%AAncia+policial.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5473724165722650242" style="float: left; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 320px; height: 223px;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGPG2pIguJyJuz77jtxhA8GkOHVw2xRGR5yYtXWu3sHqFaRsYpwLG2jLs12ULBm0kn_aQP0Y_bs7t2MbU7SJQkyGsAEkjL71rztnKJOc1C_IgwW7zuv9eTak0OdCcJCrXQIYK4jcmtCNSZ/s320/viol%C3%AAncia+policial.jpg" border="0" /></a> <div align="justify"><span style="font-family:arial;"><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />O título acima vem da música de uma das representações mais criativas no cenário artístico sergipano, a Banda Reação. Dentro de seu contexto, a música alerta para o perigo que a atividade policial desperta nas comunidades carentes. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:arial;"></span> </div><div align="justify"><span style="font-family:arial;">Ao contrário do que muitos pensam, esse temor não vem do cumprimento da lei, mas sim do abuso de poder que muitos trabalhadores de farda cometem nos lugares onde não chegam os holofotes da mídia.</span></div><span style="font-family:arial;"><div align="justify"><br />Um caso intrigante de violência policial veio às minhas mãos. Um jovem de classe média, estudante, saiu de sua casa para comprar cigarros. Ele morava no Bairro Augusto Franco. Na saída da mercearia se encontrou com um colega de futebol de rua. O adolescente lhe pediu uma carona até o final da rua. Ele parou seu carro calmamente, o jovem saiu, entrou no condomínio e ele continuou seu trajeto. Poucos metros a frente foi interceptado por um outro carro “comum”. O homem sai de dentro falando ao celular e de forma truculenta manda ele colocar as mãos na cabeça. Pronto! Todos, inclusive ele, pensam que se trata de um assalto. Segundos depois, chegam duas viaturas da “Rádio Patrulha”. Ele é tirado do carro, recebe tapa na cara, chutes, é colocado no chão e algemado.<br /></div><div align="justify">Depois da recepção por parte da PM sergipana, o jovem é colocado no camburão e levado para uma favela localizada em seu bairro e fica exposto ao lado de um casal de jovens. Os três são apresentados algemados como resultado da operação comandada pela Rádio Patrulha contra o tráfico de drogas. A imprensa tira fotos, filma, mas ninguém chega perto para lhe fazer uma única pergunta. Estava acuado, atônito, atordoado sem entender nada do que acontecia.</div><div align="justify"><br />Termina o show da Polícia Militar e imprensa, o jovem é colocado sob pancada na mala de um veículo Siena da Rádio Patrulha, agora não mais sozinho, mas com a companhia do outro garoto. Algemados, os dois se apertam e recebem spray de pimenta com o porta-malas ainda fechando. Um ato de crueldade sem tamanho. </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Foram levados para a sede da Rádio Patrulha. Lá ficaram presos sem imaginar o que poderia acontecer com as suas vidas. O medo e a incerteza tomavam conta da consciência. Passados mais de quarenta minutos, entra um policial e lhe entrega a chave do seu carro e diz que ele está liberado. O casal também foi solto. Ninguém foi levado para delegacia alguma. Ao chegar em casa, a notícia havia se espalhado. Todos o procuravam.<br /></div><div align="justify"> </div><div align="justify">O pior havia passado. Viria agora o muito pior. No dia seguinte, no noticiário televisivo, a matéria anuncia a prisão de uma quadrilha de traficantes na favela do Augusto Franco. O estudante é mostrado de frente em todos os seus aspectos, algemado e sem camisa. Uma imagem que reproduz uma condição de desleixo, maltrapilho, uma imagem para acabar com sua honra. A partir daquele instante seu rosto é o de um traficante. Ele foi denunciado, julgado e condenado à pena de exposição pública e lesão corporal pela Rádio Patrulha sergipana.<br /></div><div align="justify">A atividade policial não pode ser tratada como algo impossível ao respeito dos Direitos Humanos. A polícia não pode se afastar do seu principal objetivo que é garantir o respeito ao ser humano. Agindo assim, a atividade policial reforça o medo que vem criando ao longo dos anos. Não é por nada que uma criança de 12 anos, relatando a sua história na música Mágico de OZ, da banda de rap Racionais Mc´s, clama: “O meu sonho? Estudar, ter uma casa, uma família. Se eu fosse mágico? Não existia droga, nem fome e nem polícia."<br /><br /><strong>Rodrigo Machado</strong> é advogado e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SE.</div></span>Rodrigo Machadohttp://www.blogger.com/profile/14444666012379579794noreply@blogger.com3